Salas de chuto(onde isto irá parar...)
Droga
Capital pioneira na injecção assistidaLisboa vai ter salas de chutoA Câmara Municipal de Lisboa vota na próxima quarta-feira a criação de instalações próprias onde os toxicodependentes possam fumar ou injectar drogas – espaços habitualmente conhecidos por salas de chuto.
A iniciativa parte do vereador da Acção Social, Sérgio Lipari Pinto (PSD), e está integrada na Estratégia Municipal de Intervenção para as Dependências (EMID), que visa criar instrumentos de apoio para a regressão da toxicodependência, da prostituição, dos sem-abrigo e do HIV/sida em Lisboa.
Na área da toxicodependência, a EMID assenta em quatro pontos, explicou Sérgio Lipari Pinto. No primeiro ponto – a prevenção – haverá um reforço de acções de sensibilização para com os perigos da droga junto dos 19 mil alunos do pré-escolar e do 1.º ciclo do Ensino Básico.
É no segundo (segurança e saúde pública) e terceiro pontos (tratamento e recuperação), que a câmara defende a instalação de salas de consumo autorizado. O quarto ponto desta política visa a reintegração dos ex-toxicodependentes e, para isso, será incentivado o emprego protegido e os apartamentos de reinserção.
A iniciativa parte do vereador da Acção Social, Sérgio Lipari Pinto (PSD), e está integrada na Estratégia Municipal de Intervenção para as Dependências (EMID), que visa criar instrumentos de apoio para a regressão da toxicodependência, da prostituição, dos sem-abrigo e do HIV/sida em Lisboa.
Na área da toxicodependência, a EMID assenta em quatro pontos, explicou Sérgio Lipari Pinto. No primeiro ponto – a prevenção – haverá um reforço de acções de sensibilização para com os perigos da droga junto dos 19 mil alunos do pré-escolar e do 1.º ciclo do Ensino Básico.
É no segundo (segurança e saúde pública) e terceiro pontos (tratamento e recuperação), que a câmara defende a instalação de salas de consumo autorizado. O quarto ponto desta política visa a reintegração dos ex-toxicodependentes e, para isso, será incentivado o emprego protegido e os apartamentos de reinserção.
TRATAMENTO
As salas de injecção assistida integram as Instalações de Consumo Apoiado para a Recuperação (ICAR), que têm por objectivo incentivar ao tratamento. Isto porque, ao dar a possibilidade ao doente de injectar ou inalar droga num espaço clínico, ele será incentivado a seguir um tratamento com vista a libertar-se das drogas.
Outro objectivo da criação das ICAR é o reforço da segurança e da saúde pública, uma vez que a administração de drogas com apoio médico garante uma maior segurança do paciente e da própria comunidade. A câmara pretende com esta medida desmotivar os toxicodependentes – que levarão para a ICAR a substância que irão consumir – de se drogarem na rua.
Nas instalações das ICAR serão reestruturados os dois gabinetes de apoio ao toxicodependente (GAT) já existentes. O Pólo Oriental de Lisboa, na Quinta do Lavrado, em Chelas, e o Pólo Ocidental, no Bairro do Charquinho, em Benfica.
Às valências hoje existentes, de apoio médico e psicossocial, serão acrescentadas as de apoio alimentar, de higiene, de informação com vista à recuperação e de consumo inalado e injectado. A estratégia da Câmara é para ser aplicada a partir do próximo ano e por um período inicial de dois anos.
O modelo adoptado é único a nível mundial e resulta de um trabalho que recorreu a outros modelos existentes na Europa, nomeadamente na Holanda, explicou o vereador, e tem por objectivo final a reintegração do doente.
A câmara deseja que o modelo venha a ser adoptado pelos concelhos limítrofes e por diferentes entidades que prestam apoio aos toxicodependentes.
Só na definição futura dos critérios técnicos é que ficará conhecido quem irá usufruir desta acção. Existe, contudo, a posição de princípio de que será preservada a identidade do consumidor. O programa estará aberto aos toxicodependentes que consomem na capital, mesmo que não residam em Lisboa.
Por duas vezes, o consumo de droga em salas autorizadas foi este ano votada em reunião de câmara. Ambas partiram de propostas do vereador Sá Fernandes, do Bloco de Esquerda. As propostas foram chumbadas com os votos contra do PSD e do CDS-PP, abstenção do PCP e votos favoráveis do BE e PS. A vereadora do CDS-PP Maria José Nogueira Pinto é a única que contesta qualquer solução cujo objectivo seja o consumo de drogas em espaços autorizados.
PACÍFICO
As ICAR serão instaladas nos actuais Gabinetes de Apoio ao Toxicodependente, existentes em Chelas (à esq.) e Benfica (em cima). A convivência dos moradores com os utentes tem sido pacífica, pelo que a autarquia não antevê problemas com a reestruturação do serviço.
Outro objectivo da criação das ICAR é o reforço da segurança e da saúde pública, uma vez que a administração de drogas com apoio médico garante uma maior segurança do paciente e da própria comunidade. A câmara pretende com esta medida desmotivar os toxicodependentes – que levarão para a ICAR a substância que irão consumir – de se drogarem na rua.
Nas instalações das ICAR serão reestruturados os dois gabinetes de apoio ao toxicodependente (GAT) já existentes. O Pólo Oriental de Lisboa, na Quinta do Lavrado, em Chelas, e o Pólo Ocidental, no Bairro do Charquinho, em Benfica.
Às valências hoje existentes, de apoio médico e psicossocial, serão acrescentadas as de apoio alimentar, de higiene, de informação com vista à recuperação e de consumo inalado e injectado. A estratégia da Câmara é para ser aplicada a partir do próximo ano e por um período inicial de dois anos.
O modelo adoptado é único a nível mundial e resulta de um trabalho que recorreu a outros modelos existentes na Europa, nomeadamente na Holanda, explicou o vereador, e tem por objectivo final a reintegração do doente.
A câmara deseja que o modelo venha a ser adoptado pelos concelhos limítrofes e por diferentes entidades que prestam apoio aos toxicodependentes.
Só na definição futura dos critérios técnicos é que ficará conhecido quem irá usufruir desta acção. Existe, contudo, a posição de princípio de que será preservada a identidade do consumidor. O programa estará aberto aos toxicodependentes que consomem na capital, mesmo que não residam em Lisboa.
Por duas vezes, o consumo de droga em salas autorizadas foi este ano votada em reunião de câmara. Ambas partiram de propostas do vereador Sá Fernandes, do Bloco de Esquerda. As propostas foram chumbadas com os votos contra do PSD e do CDS-PP, abstenção do PCP e votos favoráveis do BE e PS. A vereadora do CDS-PP Maria José Nogueira Pinto é a única que contesta qualquer solução cujo objectivo seja o consumo de drogas em espaços autorizados.
PACÍFICO
As ICAR serão instaladas nos actuais Gabinetes de Apoio ao Toxicodependente, existentes em Chelas (à esq.) e Benfica (em cima). A convivência dos moradores com os utentes tem sido pacífica, pelo que a autarquia não antevê problemas com a reestruturação do serviço.
"NÃO QUEREMOS DAR DROGAS"
“Consumo assistido permitirá salvar vidas”, defende o vereador da Acção Social, Sérgio Lipari Pinto.
Correio da Manhã – Por que defende uma nova estratégia de combate à droga?
Sérgio Lipari Pinto – No nosso entender, o que tem sido feito não chega.
– Porque diz isso?
– Há 20 anos que as pessoas ouvem falar de prevenção, mas com os resultados que estão à vista estão fartas de passar na Meia-Laranja, no Intendente, na Almirante Reis, no Bairro 6 de Maio ou na Possidónio da Silva e verem que os toxicodependentes continuam sem soluções.
– Serão então instaladas salas de injecção assistida nos Gabinetes de Apoio aos Toxicodependentes?
– Hoje, os toxicodependentes contam com apoio médico e psicossocial. Os gabinetes serão reestrutrados e darão origem a Instalações de Consumo Apoiado para a Recuperação (ICAR). Haverá espaços para alimentação e higiene. Serão também criadas instalações para o consumo por inalação ou injecção.
– Uma ICAR é uma sala de chuto?
– Não queremos dar drogas. O nosso objectivo é salvar vidas por tratamento. Aqui as pessoas não se injectam e vão embora.
– O toxicodependente corre o risco de lhe ver ser-lhe apreendida a droga nas imediações da ICAR?
– Não, será feita uma concertação com a Polícia. Há enquadramento legal.
– Qual é o financiamento?
– O mesmo dinheiro que hoje é gasto. Cerca de 2,5 milhões de euros por ano.
Correio da Manhã – Por que defende uma nova estratégia de combate à droga?
Sérgio Lipari Pinto – No nosso entender, o que tem sido feito não chega.
– Porque diz isso?
– Há 20 anos que as pessoas ouvem falar de prevenção, mas com os resultados que estão à vista estão fartas de passar na Meia-Laranja, no Intendente, na Almirante Reis, no Bairro 6 de Maio ou na Possidónio da Silva e verem que os toxicodependentes continuam sem soluções.
– Serão então instaladas salas de injecção assistida nos Gabinetes de Apoio aos Toxicodependentes?
– Hoje, os toxicodependentes contam com apoio médico e psicossocial. Os gabinetes serão reestrutrados e darão origem a Instalações de Consumo Apoiado para a Recuperação (ICAR). Haverá espaços para alimentação e higiene. Serão também criadas instalações para o consumo por inalação ou injecção.
– Uma ICAR é uma sala de chuto?
– Não queremos dar drogas. O nosso objectivo é salvar vidas por tratamento. Aqui as pessoas não se injectam e vão embora.
– O toxicodependente corre o risco de lhe ver ser-lhe apreendida a droga nas imediações da ICAR?
– Não, será feita uma concertação com a Polícia. Há enquadramento legal.
– Qual é o financiamento?
– O mesmo dinheiro que hoje é gasto. Cerca de 2,5 milhões de euros por ano.
OBSERVATÓRIO EUROPEU INDICA VANTAGENS
Os estudos do Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependências indicam que os programas de redução de riscos, incluindo as salas de injecção assistida, estão associados à redução do consumo de drogas ilícitas, redução do consumo por via endovenosa, diminuição dos comportamentos de risco face à sida e outras doenças infecto-contagiosas.
Além disso levam à redução da partilha de seringas e outros equipamentos, melhoria do funcionamento social dos consumidores e melhoria da respectiva saúde pessoal, diminuição da criminalidade associada ao consumo de drogas e redução das mortes por overdose.
Além disso levam à redução da partilha de seringas e outros equipamentos, melhoria do funcionamento social dos consumidores e melhoria da respectiva saúde pessoal, diminuição da criminalidade associada ao consumo de drogas e redução das mortes por overdose.
NÚMEROS
CONSUMIDORES
CONSUMIDORES
Em 2005 estiveram em tratamento em Portugal 31 822 consumidores, dos quais 4844 contactaram os serviços pela primeira vez. O número total de consumidores será o triplo.
HAXIXE
Na Europa, Portugal surge em 18.º lugar no consumo de haxixe, a droga mais usada, com uma taxa de consumo de 5%. Esse valor está muito abaixo do do Reino Unido, França ou Espanha.
HEROÍNA
A heroína é a droga que, no nosso país, leva mais consumidores a procurar tratamento (62%), por si só ou associada à cocaína (15%). Seguem-se o haxixe (11%) e a cocaína (8%). Ecstasy e outras drogas representam 4%.
MORTES
Em 2005 morreram, em Portugal, 219 toxicodependentes por consumo excessivo (overdose), um aumento de 154 mortes face a 2004. Em 1999 as autoridades registaram 399 mortes.
PREÇOS
Portugal é o país europeu onde fumar droga é mais barato. O grama de haxixe custa 2,3 euros. O preço mais elevado é praticado na Noruega (12 euros o grama). A marijuana custa 2,7 euros por grama no nosso país. A mesma quantidade dessa droga custa 11,6 euros em Malta.(João Saramago)
(retirado do forumnacional.net)
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