Extrema-direita na Europa
O caso da ÁustriaNo início de Fevereiro, Wolfgang Schüssel, líder do Partido Conservador, e Jörg Haider, líder do Partido da Liberdade austríaco, formaram um governo de coligação. O partido de Haider, conotado com a extrema-direita, conseguiu 27% dos votos nas últimas eleições legislativas - os austríacos quebraram, assim, uma tradição bipartidária que se mantinha há décadas. Haider tornou-se célebre, ao longo da sua carreira, por várias declarações infelizes - sobre os emigrantes, sobre o papel da Áustria na II Guerra Mundial, sobre a política laboral do governo nazi alemão, e sobre alguns outros temas polémicos que levaram a que o seu partido fosse visto como xenófobo, neonazi e racista. Embora o próprio Haider não venha a integrar o governo austríaco, oito dos 16 ministros do novo governo austríaco são do seu partido. Haider tem vindo a distanciar-se de algumas declarações feitas no passado, argumentando que todos cometem erros e se enganam nas suas opiniões, mas a Comissão Europeia já manifestou a sua oposição à formação desta coligação: catorze países da União Europeia decidiram suspender os contactos políticos com a Áustria, se o partido de extrema-direita de Jörg Haider entrar no próximo governo do país. Numa sondagem recente, a maioria da população austríaca manifestava-se favorável à formação do governo; ao mesmo tempo, sucedem-se manifestações, quer contra o partido de Haider, quer contra a posição dos restantes países europeus. A União Europeia assenta a sua decisão numa questão de princípio; os que se opõem a este isolamento argumentam que, até o governo austríaco violar os princípios da UE, não deve sofrer qualquer tipo de sanções, e que o ostracismo a que a Áustria está a ser votado irá apenas criar ressentimento da população face ao resto da Europa. Haider é visto, por muitos, não como um autêntico extremista, mas acima de tudo como um populista e oportunista, que tem sabido aproveitar o descontentamento de um importante grupo, maioritariamente jovem (35% dos seus eleitores têm entre 19 e 30 anos) para explorar de forma demagógica os problemas actuais da Áustria (que é, neste momento, o país europeu com mais refugiados per capita) e, assim, conseguir votos. No entanto, há quem estabeleça o paralelo com um outro demagogo e populista, de nome Hitler, que, nos anos 30, subiu ao poder também através de uma coligação.
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